sexta-feira, 3 de junho de 2011

Arquitetura inspira desfiles de abertura do Fashion Rio

Retas e curvas. O primeiro dia da edição de verão 2012 do Fashion Rio foi dedicado às formas. Uma verve arquitetônica aliou-se a movimentos da pintura modernista e cubista para servir de inspiração aos estilistas que desfilaram na noite fria da última segunda-feira. E as referências não vieram só das passarelas. Bastava um olhar mais atento aos galpões do Píer Mauá, local do desfile, para ver colunas e vigas de ferro da estrutura contrastando com os desenhos arredondados dos frisos da fachada do prédio, construído em 1949.


De volta à passarela, a mineira Patachou também buscou inspiração em construções dos anos 40. Mais especificamente no Edifício Biarritz, situado na praia do Flamengo, no Rio de Janeiro. Em estilo art déco, o prédio chama atenção pelas formas sinuosas e geométricas aliadas a materiais luxuosos como mármore e madeira de lei.

Transportada para os looks, a nobreza se fez presente nos tecidos, como seda, cetim e casa de abelha, em vestidos desabados com mix de estampas de elementos tropicais, numa referência da adaptação à brasileira do estilo arquitetônico francês. Nos macacões, mais arabescos colorem as bordas do tecido, que parece uma junção de vários lenços. Sim, aqueles da vovó que as traças estão comendo podem virar look contemporâneo. Mas o grande objeto de desejo foram os máxi colares, também inspirados no art déco.

As curvas e adornos dos cristais de murano foram impressos digitalmente nos batidos, mas eficientes, macacões e túnicas soltos, de ar dos anos 1970, que a estilista Alessa exibe há algumas temporadas. O que muda é a estampa digital e o styling da coleção batizada de relíquias. O brilho do cetim metalizado se junta ao obi (espécie de cinto japonês) com arremate de puxador de cortina antigo (aquele feito com vários fios) e ao bordado em paetê e canutilhos. Divertidos os colares de tiras, tipo gola de palhaço e os brincos de máxi bolas de pelo.

Geométrico e artesanal foi o desfile do pernambucano Melk Z-Da. As folhas de castanheira se transformaram em vestidos e conjuntos de short e camisas de alfaiataria, sempre com recortes vazados e transparências como a organza e a seda em pedaços encaixáveis e sobrepostos. O branco ganha textura feita com resina queimada sobre o tecido, para dar ideia de fungos. Em outra parte, o contraste com folhas de acetato em camadas, em tons vivos de verde e laranja. Os óculos vazados que as modelos usavam pareciam o esqueleto da folha. “Quis mostrar que o processo de envelhecimento e morte da folha tem vida. Achei interessante porque, quando a folha vai morrendo, passa por vários estágios de cor”, diz o estilista. Ao final, o esqueleto da folha virou estampa e textura. “Tem gente que colhe a folha e coloca em cestos. Para lembrar essa ideia, usei o tear”, explica Melk. No casting de modelos do pernambucano, a conterrânea Emanuela de Paula, que não desfilava no Fashion Rio há três anos.

A festeira Acquastudio, sob o comando de Esther Bauman, foi buscar no cubismo inspiração para suas formas geométricas e em terceira dimensão. Os vestidos eram sobreposições de quadrados de organza. As cores esmaecidas, que tempos atrás se chamavam pastel, agora são blush, melon, acqua e vanilla, mais conhecidos como rosa, verde, azul e amarelo. As peças em tear manual ganham ombros, laterais e busto estruturados. Mais uma vez, o puxador de cortina aparece por aqui, dando movimento aos looks paradões, de inspiração japonista. Nos vestidos mais leves, bordados com canutilhos e vidrilhos fazem clara referência ao artista modernista holandês Piet Mondrian.

Bem mais pop, a 2nd Floor, estreante em passarelas cariocas, abusou do jeans manchado e desbotado, com pegada de alfaiataria e dobraduras geométricas, em looks totais masculinos e femininos de calça e jaqueta justa, ou em contraste com estamparia estourada com cores fortes como amarelo, azul e rosa. O denim também foi usado com saias curtíssimas e plissadas, para o look ficar mais delicadinho.

Fonte: jornal do commercio

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