O melhor exemplo de construção sustentável, de acordo com o arquiteto italiano Marco Casamonti, do Studio Archea, é o iglu. “É perfeito porque é um simples pedaço de gelo onde é possível morar”, diz. “Isso sem falar que, quando se destrói essa construção, o meio ambiente não é agredido.” Mas a melhor construção de todos os tempos é mesmo o Pantheon, erguido em Roma há mais de 2 mil anos. “Para se ter uma ideia, os turistas vão se refrescar ali dentro, onde a temperatura chega a ficar de 10 a 15 graus inferior à externa”, afirma.
Reflexos desses pensamentos, que têm como premissa de sustentabilidade “a capacidade de compreender a paisagem onde a obra será inserida e, acima de tudo, respeitá-la”, poderão ser vistos na mostra “Archea – Sustainable Landmarks”, em cartaz no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), em São Paulo, até 22 de maio.
Trata-se de uma seleção do que há de melhor na produção de um dos mais importantes escritórios europeus de arquitetura e design, apresentados por meio de maquetes, fotos, materiais e curta-metragens. Tudo ao som de músicas compostas especialmente para o evento.
Principais projetos
Entre os destaques da exposição, a vinícola Antinori, na Itália, é a que mais chama atenção. A construção, “camuflada” nas colinas da região da Toscana, tem seu teto composto por um vinhedo, que além de definir o desenho do prédio, refresca e isola a adega subterrânea, garantindo condições ideias para a produção dos vinhos da renomada marca.
Os escritórios, localizados no plano superior, são marcados por uma sucessão de cortes internos, que capturam a luz solar através de aberturas circulares dispostas sobre o teto-vinhedo.
“Foi um verdadeiro desafio construir uma fábrica em uma paisagem tão delicada”, conta Casamonti, que saiu de Florença – onde está sediado seu estúdio, para acompanhar a abertura da mostra em São Paulo. “Mas desde a primeira vez que visitei o local, percebi que ali não cabia uma construção convencional.”
O cuidado com a paisagem também norteou o projeto do camping Albatros, no litoral italiano. Por conta disso, todas as novas estruturas foram cobertas por bambu e madeira, materiais de baixo custo e que estavam disponíveis na região, diminuindo o consumo de combustível para o transporte.
Como as pessoas só visitam o local durante o verão, pôde-se optar pela ventilação natural, essencial em projetos sustentáveis por dispensar o uso de ventiladores e condicionadores de ar. “Desde o início, calculamos a direção do vento, para que pudéssemos abrir mão deste gasto energético”, explica Casamonti.
A solução deu tão certo que, segundo os profissionais do estúdio, o banheiro não apresenta cheiro desagradável, mesmo quando o camping está cheio. Em segundo lugar, existe um furo proposital no teto da obra. Logo abaixo desse orifício, há um recipiente de pedra para drenar a água oriunda da chuva e tratá-la para reaproveitamento.
Na biblioteca de Nembro, outro projeto de destaque do escritório, o que mais encanta é a imensa cortina de livros feitos com terracota – material abundante na região – que faz as vezes de brise-soleil.
Segundo o arquiteto do Studio Archea, o artifício permite que o sol não aqueça demasiadamente o interior do prédio, que tem paredes de vidro, garantindo economia de energia. “Além da temperatura amena, a sombra que os livros fazem na biblioteca também proporcionam uma luz confortável no interior da obra.”
Serviço:
“Archea – Sustainable Landmarks”
Local: Museu Brasileiro da Escultura (MuBE)
Endereço: Av. Europa, 218, Jardim Europa - São Paulo (SP)
Tel: (11) 2594-2601
Visitação: de terça a domingo, das 10 às 19 horas
Data: de 6 a 22 de maio
Entrada franca
Fonte: correiodoestado.com.br
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